Atmosferas explosivas [ATEX]: zonas e equipamentos

No nosso quotidiano passamos por atmosferas consideradas explosivas, o exemplo mais comum disso são as bombas de combustível. Por definição, uma atmosfera explosiva é uma mistura com o ar, em condições atmosféricas (101,3kPa e 20ºC), de substâncias inflamáveis sob a forma de gases, vapores, névoas ou poeiras, na qual, após ignição, a combustão se propague a toda a mistura não queimada.

Exemplo de atmosfera explosiva.

Existem duas directivas que procuram definir e categorizar as áreas consideradas “ATEX”, e fixar os requisitos para equipamentos que nelas operem, são elas a 1999/92/CE e a 2014/34/UE.

CATEGORIZAÇÃO DE Zonas ATEX

A categorização das zonas de atmosferas explosivas visa especificar as categorias de materiais utilizadas nas zonas indicadas, certificando que estão adaptadas a gases, vapores ou névoas e/ou poeiras, e ainda classificar os espaços de risco em zonas com a finalidade de evitar as fontes de inflamação, efetuando uma seleção correta dos materiais elétricos e não-elétricos.

As áreas perigosas são classificadas, em função da frequência e da duração da presença de atmosferas explosivas nas seguintes zonas:

Exemplo de zonas ATEX num posto de abastecimento de combustível. (adaptado de atexshop.com)

Categoria 1: Atmosfera explosiva presente permanentemente ou por longos períodos – mais de 1.000h por ano:

Área onde existe permanentemente, durante longos períodos de tempo, ou frequentemente, uma atmosfera explosiva constituída por uma mistura com o ar de substâncias inflamáveis, sob a forma de gás, vapor ou névoa (zona 0), ou uma nuvem de poeira combustível (zona 20),

Categoria 2: Atmosfera explosiva presente ocasionalmente – entre 10 a 1.000 horas por ano:

Área onde é provável, em condições normais de funcionamento, a formação ocasional de uma atmosfera explosiva constituída por uma mistura com o ar de substâncias inflamáveis, sob a forma de gás, vapor ou névoa (zona 1), ou uma nuvem de poeira combustível (zona 21),

Categoria 3: Atmosfera explosiva presente acidentalmente – menos de 10h por ano:

Área onde não é provável, em condições normais de funcionamento, a formação de uma atmosfera explosiva constituída por uma mistura com o ar de substâncias inflamáveis, sob a forma de gás, vapor ou névoa (zona 2), ou uma nuvem de poeiras combustível (zona 22), ou onde, caso se verifique, essa formação seja de curto duração.

Sinal de aviso de área ATEX

O sinal de aviso destinado a assinalar as áreas onde se podem formar atmosferas explosivas deve ser de forma triangular, com as letras “EX” pretas sobre um fundo amarelo bordeado a preto. A cor amarela deve cobrir pelo menos metade da superfície da placa.

O sinal pode ser complementado com placas com a inscrição “ATMOSFERAS EXPLOSIVAS” e/ou “RISCO DE EXPLOSÃO”

EQUIPAMENTOS ATEX

Os equipamentos certificados para trabalhar em atmosferas explosivas (ATEX) a apresentam o seguinte símbolo:

ex

A marcação da certificação ATEX inicia-se com o símbolo seguido da divisão pelo tipo de industria (“I” para industrias mineiras, “II” para industrias de superfície), de seguida é apresentada a categoria/zona para uso (“M” para minas, “G” para gases e “D” para poeiras), os modos de proteção são apresentados antes do grupo de equipamento (“IIA/IIB/IIC” para gases e “IIIA/IIIB/IIIC” para poeiras), por último surge a classe de temperatura (de T1 a T6).

Explicação de marcação ATEX passo a passo.

LEITURA SIMPLIFICADA de etiqueta de certificação atex

Inscrição numa lanterna ATEX.

Inscrição na etiqueta: II 2GD EEx ib e IIB T4

Leitura simplificada: Equipamento utilizável em atmosferas explosivas acima do solo (II), na zona 1 na presença de gases (2GD) do grupo IIB (etileno, por exemplo) e/ou na zona 21 na presença de poeiras em suspensão (2GD). A temperatura de superfície do equipamento não ultrapassará os 135ºC (T4), assim sendo deverá ter em atenção a presença de gases com o ponto de inflamação abaixo dessa temperatura.

Conclusão

Vários documentos requerem o uso de equipamento com certificação ATEX para um determinado serviço, mas sem nunca enquadrar que tipo de certificação é necessária. É disto exemplo o inscrito no ponto 4 b) i), do apêndice 1.1 do anexo 3, da Directiva Operacional Nacional n.º 3 – NRBQ da ANEPC onde se pode ler que “por forma a garantir o cumprimento da sua missão, as ERAS deverão ser dotadas de equipamento de comunicações rádio, preferencialmente que cumpram os requisitos da Directiva ATEX”.

É evidente que é um bom requisito, que até poderia (ou deveria) ser aplicado a todos os agentes de protecção civil (APC), visto ser impossível determinar se um incidente que se julga “simples” poderá esconder uma atmosfera explosiva; mas ainda que seja um bom requisito, sem definir claramente o tipo de certificação desejado, dá aso a que umas ERAS possam ter rádios para zona 0, outras para zona 1 ou 2, e outras ainda para uso em minas… são todos ATEX, mas nem todos servem o mesmo propósito.

Uma organização de APC deve estabelecer procedimentos de intervenção ajustados à sua zona de actuação e (tentar) adquirir os equipamentos que melhor se adaptem aos perigos que possam daí advir.

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