7 indícios da presença de matérias perigosas

Por vezes, não tão poucas assim, o alerta dado para uma central não inclui a informação mais pertinentes para uma intervenção num cenário de matérias perigosas, outras vezes a sinalização (dos envolvidos no acidente, por exemplo) não é a adequada ou até poderá ser inexistente, pode ainda dar-se o caso de ser um acto criminoso/terrorista. São várias as situações que podem condicionar a correcta sinalização atempada de uma emergência envolvendo matérias perigosas.

Como sempre é dito, o reconhecimento inicia-se com a chamada de socorro e não termina até ao fim das operações. Este passo da marcha geral de operações, aliado a uma boa consciência da situação (situational awareness), está presente em todos os momentos de uma intervenção, e pode revelar-se determinante no seu desfecho.

Com isto em mente, a IFSTA – International Fire Service Training Association, desenvolveu uma abordagem de 7 indícios (aqui adaptados), sendo que o risco a que o agente de protecção civil (APC) tem de se sujeitar vai aumentando enquanto vamos subindo na lista de indícios. Isto deve-se à necessidade de uma maior proximidade com o produto envolvido.

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Risco VS Indícios

 

Indício 1 – Tipo de ocupação, localização e planeamento pré-incidente

As matérias perigosas estão presentes em todo o lado. Partindo deste pressuposto, torna-se quase impossível prever quando estaremos perante um tipo de utilização de uma estrutura com estas substâncias. É aqui que a prevenção e o pré-planeamento têm um papel de destaque.

Conhecer as indústrias seveso e elaborar procedimentos de actuação, como já abordado aqui na plataforma, são dois simples passos para assinalar os principais perigos na área de actuação.

Indício 2 – Tipo de contentor

Este é um tema já a ser trabalhado e que terá em artigo próprio aqui na plataforma, mas sem dúvida que é essencial saber corresponder tipos de cisternas, por exemplo, ao tipo de matérias perigosas que podem transportar. Deixamos aqui duas fotos que ilustram este indício.

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Cisterna para líquidos (esquerda) e para gases (direita) inflamáveis.

Indício 3 – Sinalização de transporte

Este será um dos indícios mais (re)conhecidos por todos: a sinalização presente no meio de transporte envolvido. Aqui enquadra-se o painel laranja e as marcas e etiquetas previstas no ADR.

Indício 4 – Outras marcações

Além do incluido no indício anterior, existem outras marcações que podem estar presentes num teatro de operações, são disso exemplo os pictogramas do Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS), as marcações de atmosfera explosiva ou algumas marcações militares para matérias perigosas (a serem abordadas num futuro artigo).

Indício 5 – Recursos escritos

Existem vários recursos escritos que podem assinalar a presença de matérias perigosas, mas há dois que se destacam: a declaração de transporte, para transporte rodoviário, e a ficha de dados de segurança, para armazenamento.

Indício 6 – Sentidos

A visão é o mais seguro dos cinco sentidos para usar numa procura de indícios da presença de matérias perigosas num teatro de operações. Um APC pode detetar a presença de fumos ou vapores suspeitos, descoloração na vegetação, animais mortos, entre outros.

É claro que há matérias perigosas, principalmente produtos químicos, que podem ser distinguidas com recurso a outros sentidos, o olfacto por exemplo, mas tal implica um risco elevadíssimo, possivelmente letal, para o APC envolvido.

Indício 7 – Equipamentos de detecção e identificação

Equipamentos de detecção e identificação são as melhores ferramentas para despistar a presença de matérias perigosas num teatro de operações, e podem dar-nos concentrações e/ou identificar substâncias desconhecidas.

Conclusão

Estes 7 indícios podem ser fundamentais para revelar a presença de matérias perigosas num teatro de operações. Num mundo ideal, todos os APC teriam detectores simples, para uso diário, que tornariam os 6 primeiros indícios (quase) obsoletos, mas a verdade é que esse mundo não existe e que, mesmo as equipas que têm equipamento especializado, nem sempre contam com todos os seus efectivos com formação e treino para um manuseamento proficiente dos mesmos.

Assim torna-se essencial começar pelos básicos: aqueles 5 primeiros indícios! Qualquer um deles disponível a todos os possíveis intervenientes que, no decurso do seu dia normal de trabalho, possam ser envolvidos num cenário de matérias perigosas.

Por tudo isto, todos os agentes de proteção civil devem ser capazes de interpretar indícios para a presença de matérias que possam colocar em riscos todos os envolvidos na intervenção, ou nas suas imediações.

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