Sistema HAZCHEM e os EAC

Existem três grandes formatos de sinalização e marcação para as matérias perigosas:

  • ADR – Acordo Europeu Relativo ao Transporte Internacional de Mercadorias Perigosas por Estrada (do francês: “Accord européen relatif au transport international des marchandises Dangereuses par Route“). Conta com 51 países signatários. [sabe mais aqui]
  • HAZCHEM – Sistema de marcação para químicos perigosos (HAZardous CHEMicals). Utilizado no Reino Unido, Nova Zelândia, Austrália, Malásia e Índia.
  • NFPA 704 – Também conhecido como “diamante NFPA”, é uma forma de representar  os riscos de uma substância. É utilizado em embalagens e/ou portas de acesso a áreas com matérias perigosas, nos Estados Unidos da América.
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Sinalização ADR, HAZCHEM e NFPA704.

O HAZCHEM, não sendo um sistema utilizado em Portugal, é interessante de conhecer e perceber como funciona.

Conceito

A sinalização HAZCHEM é gerida pelo National Chemical Emergency Center (NCEC) e consiste numa placa com cinco campos que transmitem, aos primeiros intervenientes num acidente, um conjunto de informações de extrema relevância para uma actuação eficiente.

HAZCHEM
Os cinco campos da sinalização HAZCHEM.

EAC – Emergency Action Codes

A principal diferença para o “nosso” ADR, os código de actuação em emergência (ou EAC), são constituídos por um conjunto de três caracteres que transmitem aos primeiros intervenientes num incidente envolvendo matérias perigosas quais as ações a serem executadas, os EAC são caracterizados por um único número (1 a 4) e uma ou duas letras (dependendo do perigo).

O algarismo inicial, indica o tipo de agente extintor a usar (aqui traduzido de forma directa para português):

  1. Água,
  2. Água em nevoeiro,
  3. Espuma,
  4. Agente seco – água não pode ser utilizada.

As letras representam o perigo da substância e as medidas de protecção a adoptar. Sempre que, após o número, aparecer:

  • P/S/W/Y, tal significa que a matéria poderá reagir de forma violenta,
  • S/T/Y/Z é necessário usar equipamento de proteção respiratória isolante (ARICA) associado ao fato de combate a incêndio estrutural,
  • P/R/W/X implica o uso de equipamento que garante estanquidade em contacto com líquidos.

Além destas informações, o código transmite ainda, se será necessários conter (“contain” para as letras W/X/Y/Z) ou diluir (“dilute” para P/R/S/T) um derrame da substância.

Por último, a letra E, indica a necessidade de abrigar no lugar, mas com a possibilidade de equacionar evacuação total.

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Guia para interpretar o EAC (em inglês).

Estes códigos, já na sua versão de 2019, podem ser consultados numa publicação gratuita (embora seja necessário registar) na página do NCEC.

DG-2019.png

Número ONU

A área destinada ao número ONU funciona como a correspondente no painel laranja do ADR.

Contacto de Emergência

Número a ligar para entrar em contacto com especialistas.

Empresa Responsável

Nome, ou logótipo, da empresa responsável pelo transporte.

Perigo

A área destina ao perigo transmite a etiqueta do perigo mais gravoso da substância. Esta etiqueta é a correspondente às apostas pelo ADR.

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Veículo de gás propano com sinalização HAZCHEM.

Conclusão

Como todos os sistemas, o HAZCHEM, tem as suas vantagens e desvantagens. Por um lado transmite, numa só placa, cinco informações importantes, tornando-as obrigatórias por lei.

Em Portugal, por exemplo, já muitos veículos que transportam matérias perigosas, incluem nas suas pinturas um número de contacto em caso de emergência, mas tal é opcional, outros têm duas ou três empresas marcadas no conjunto tractor+cisterna (por exemplo). Tudo isto, aliado às pinturas que as empresas julguem necessárias para vender o seu produto, trás muito ruído a uma identificação que se quer rápida e com o mínimo de falhas possível. Outro ponto de realce é, sem dúvida, os EAC. Com estes códigos, o elemento de primeira intervenção, saberá como actuar naquele momento sem ter de recorrer a outras publicações.

Em contraponto, este tipo de sinalização reduz o número de etiquetas que têm de ser apostas, reduzida a uma placa incluída num campo da placa, e retira o número de identificação de perigo, que transmite muita informação para os intervenientes. Pode-se também pensar que, ao ler o EAC, o elemento da primeira intervenção poderá facilitar e não procurar mais informação sobre como actuar, mas a presença do número ONU permite, só por si, uma consulta ao Emergency Response Guidebook, ou semelhante.

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