Shelter in Place: Abrigar no Lugar.

Conceito

O termo “Abrigar no Lugar”, do inglês “Shelter in Place“, é utilizado para referenciar uma medida de autoproteção em que o cidadão é capaz de criar um refúgio para se abrigar de uma libertação de produtos químicos. Este procedimento, quando treinado e englobado numa estratégia de proteção civil, poderá ser feito em casa, no trabalho e até no carro.

A ideia principal é providenciar proteção imediata e expedita, selecionando e isolando um pequeno compartimento interior. O abrigo deve ser pensado e treinado em antecipação, por forma a estar concluído em poucos minutos.

shelternplace.gif

Alguns passos importantes a ter em conta no momento de implementação do abrigo:

  • Fechar o máximo de portas e janelas,
  • Desligar sistemas de ventilação e/ou aquecimento,
  • Levar o kit de emergência para o compartimento pré-selecionado,
  • Entrar e isolar o compartimento,
  • Estar preparado para improvisar por forma a eliminar pequenas frinchas que surjam,
  • Manter escuta rádio usando rádio portátil.

Selecionar um compartimento e definir lotação máxima

O edifício ideal, partindo do geral para o particular, para “abrigar no lugar” seria em betão, com vários andares, situado numa colina, com o mínimo de janelas possíveis e o compartimento num patamar superior.

A ideia é selecionar um compartimento onde um X número de pessoas poderá permanecer por um curto espaço de tempo (aproximadamente duas horas), a estimativa é feita tendo por base o número de pessoas a abrigar, o espaço disponível e a quantidade de ar necessário. Para isto efectuam-se os seguintes passos:

  1. Determinar a área do compartimento (1 pessoa = 1 m²),
  2. Determinar o volume do compartimento,
  3. Determinar necessidades de ar (1 pessoa em duas horas consome cerca de 0,92m³). Damos uma margem de segurança para o dobro, logo 1,84m³ de ar),
  4. Definir capacidade usando o menor número entre os passos 1 e 3.

Como exemplo podemos usar um compartimento com as seguintes dimensões:

compart_sip.png

Agora aplicamos os passos anteriormente enumerados:

  1. Área: 6 x 6 = 36m² | 36 pessoas
  2. Volume: 36 x 2,3 = 82,8m³
  3. Ar: 82,8 / 1,84 = 45m³ | 45 pessoas
  4. Definir capacidade do abrigo: 36 pessoas (menor número entre passo 1 e 3)

Kit para abrigar no lugar

Imagem1.png

A preparação para “abrigar no lugar” inicia-se com o preparar de um kit para selar o compartimento:

  1. Plásticos (espessura de 2 a 4 milímetros) devidamente identificados e pré-cortados às dimensões das janelas e portas,
  2. Fita cola (tipo “duct tape” / fita americana).

O kit de emergência para “abrigar no lugar” deve ter em conta o número de pessoas definidos para a lotação do abrigo. De forma geral deve incluir:

  • Rádio portátil, de preferência com dínamo e capacidade de carregar telemóvel,
  • Lanterna,
  • Pilhas de reserva,
  • Kit de primeiros socorros,
  • Água,
  • Barras energéticas,
  • Medicação SOS (se necessário),
  • Máscara.

Ter em atenção que este kit, aliado ao conceito de “abrigar no lugar” deverá ter em conta, e ser ajustado, às necessidades da lotação do abrigo para duas horas, com alguma margem de segurança, e nunca ser visto como algo de longa duração.

Abrigar no Lugar no carro

Se for necessário abrigar no lugar num veículo deve-se ter em consideração o seguinte:

  • Parar o carro num lugar seguro e abrigado do sol,
  • Desligar o motor,
  • Fechar janelas e entradas de ar,
  • Selar entradas de ar (aquecimento/ar acondicionado) com fita cola (“duct tape“),
  • Manter escuta rádio usando rádio portátil.

E se fosse em Portugal?

Neste momento, de forma geral, a Proteção Civil não inclui um procedimento semelhante ao aqui descrito. No entanto, já existiram situações em que foram emitidos pedidos para que a população permanecesse em casa efectuando medidas de autoproteção, exemplo disto é o acidente da Sapec Agro, na península da Mitrena (Setúbal):

“Em conferência de imprensa, o director-geral de Saúde, Francisco George, aconselhou os habitantes da península de Setúbal a protegerem-se devido a elevados níveis de dióxido de enxofre no ar, esclarecendo que crianças, idosos e doentes com problemas respiratórios crónicos ou cardiovasculares não devem sair de casa e fechar as janelas, cita a Lusa. Mais de 24 horas depois do incêndio, continua a ser libertado dióxido de enxofre para a atmosfera. Francisco George considerou que as próximas 12 horas são as mais críticas.” (Jornal Público, 16 de Fevereiro de 2017)

Atenção: Não esquecer que o acto de “Abrigar no Lugar” é algo que deve ser pensado numa estrutura geral de proteção civil. De nada serve efectuar tal procedimento de forma isolada. Este artigo serve para lembrar que não basta “apenas” emitir comunicados a solicitar ao cidadão para tomarem medidas de autoproteção, sem que nada esteja divulgado, treinado e devidamente entrosado com a resposta dos agentes de proteção civil.

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